OK, já está entendido que Lisboa tornou-se a nova Miami na preferência dos brasileiros como destino migratório
No Brasil, não há uma semana em que não se depare com um artigo de jornal, revista, um programa de televisão ou até mesmo uma palestra sobre o tema. Em Lisboa – não apenas nos pontos turísticos, mas também nas freguesias tipicamente residenciais – escuta-se a todo momento o “açúcar e canela nas vogais”.
A tendência segue para além da capital portuguesa. Muitos brasileiros preferem se instalar no Porto, a segunda maior cidade portuguesa, cujo custo de vida um bocadinho mais baixo do que o lisboeta. Outras cidades têm em suas universidades um grande atrativo para quem vem do Brasil com o objetivo claro de estudar. É o caso de Coimbra cujos alunos brasileiros já representam 10% do seu corpo discente. Em Braga, estima-se que vem do Brasil a sua maior comunidade de imigrantes, creditado em parte à proximidade da Universidade do Minho. Além das lindas praias, a região do Algarve também tem em suas instituições de ensino um grande atrativo.
Longe de serem desconhecidas, as razões desse movimento migratório são diversas, tendo como primeiro item da lista a crise econômica, social e política brasileira agravada nos últimos anos. Vale também destacar a grande quantidade de descendentes de imigrantes portugueses e italianos no Brasil, capazes de obter a cidadania europeia, um custo de vida mais acessível do que outros destinos como os Estados Unidos, além do alto índice de segurança que o país oferece, clima mediterrâneo, gastronomia familiar e o querido idioma de Camões sendo comum (ou quase) aos dois países.
Mas se nada disso é novidade, falta ainda serem capitalizadas as oportunidades de negócios que a ponte aérea sobre o Atlântico tem a oferecer para os dois países, principalmente em termos de educação e tecnologia. Elas são inúmeras, mas para esta, que será a primeira de uma série de publicações no blog da Fábrica de Cursos sobre a ponte luso-brasileira, vamos dar uma vista de olhos em setores que vem apresentando crescimento destacado e que podem juntar, como se diz no Brasil, a fome com a vontade de comer, tanto cá quanto lá.
Turismo
Não foram só os brasileiros que descobriram Portugal, um país que vem colecionando bons títulos nos últimos anos, como o festejado terceiro lugar no ranking dos países mais seguros, divulgado pelo Índice de Paz Global de 2017. Não à toa, ele foi eleito o melhor destino turístico do mundo, segundo o ranking do World Travel Awards. Lisboa abocanhou o título de melhor destino para City Break e a Ilha da Madeira o de melhor destino insular. É natural, portanto que esteja entre os 15 melhores países para se investir no ramo do turismo, ocupando a 14º posição, uma situação que vem impulsionando a economia portuguesa, com cerca de 1 milhão de empregos criados direta e indiretamente ligados ao setor.
Turismo, em Portugal, é imediatamente associado aos prazeres da mesa, dando a conhecer vinhos das inúmeras regiões do país. Os ventos gentis que sopram sobre as videiras portuguesas cruzam o Atlântico até o sul. Os brasileiros estão, cada vez mais, a apreciar uvas cujo nome pronunciam sem medo de errar. Cepas autóctones portuguesas como a Trincadeira, Touriga Nacional, Castelão, Alvarinho e incontáveis outras unem-se nos copos brasileiros aos já conhecidos nomes para quais lusófonos evocam seu melhor “biquinho” (Cabernet Sauvignon, por exemplo). Consoante dados do Instituto da Vinha e do Vinho (IVV) em 2017, o Brasil cresceu 55,2% em volume de consumo dos vinhos portugueses face ao ano anterior.
O setores de hotelaria e alimentação acompanham essa tendência, com previsão de 115 unidades hoteleiras até o fim de 2019 e um registro de 20% no aumento de restaurantes em centros comerciais no ano de 2017, que por sua vez representa 34% das aberturas feitas nesse ano.
Mercado Imobiliário
Já foi dito que não são só os brasileiros que estão com as atenções voltadas para além-mar. Para além daqueles que podem beneficiar-se da cidadania europeia para residir no país, os interessados que contam com uma situação financeira privilegiada vêm apostando no Golden Visa para estabelecerem-se em terras portuguesas.
São quatro enquadramentos possíveis para esse tipo de visto, que incluem (i) a compra de imóveis com o valor mínimo de € 500.000,00; (ii) a compra de imóveis construídos há, no mínimo, 30 anos ou situados em área de reabilitação urbana, associados à reabilitação desses imóveis que somem um mínimo de € 350.000,00; (iii) transferência de capitais no valor mínimo de 1 milhão de euros e (iv) criação de, pelo menos, 10 postos de trabalho.
Em outras palavras, os turistas que aprovaram o que se tem por cá e, quando dotados de disposição e capital para investir no país, têm ótimas oportunidades de voltar para ficar. O resultado é que, de março de 2016 a outubro de 2017, os brasileiros cresceram 222% as intenções para a aquisição dos Golden Visa, num movimento que é liderado pelos chineses, que somam 3.544 pedidos de vistos dessa natureza no mesmo período. O programa, que tem mais de 5 anos, já promoveu um investimento de € 3.326 bilhões injetados na economia portuguesa.
Nomeadamente em relação ao mercado imobiliário, os brasileiros encontram-se em segundo lugar no ranking de 2017, com 19%, ficando atrás apenas dos franceses, que dominaram com 29% do setor. No entanto, a concentração brasileira em Lisboa e no Porto é maior, enquanto que a presença francesa é mais destacada na região do Algarve.
Além dos investimentos diretos na economia, o segmento vem registrando um aumento de empregos bastante significativo. Só em 2016, a Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal informou ter sido apontado um aumento de 43% nos postos, nada menos do que o setor que mais cresceu em oportunidades de trabalho neste ano.
Tecnologia e Startups
Ao fim de 2018, Lisboa sediará pela terceira vez aquele que é considerado por muitos como o maior evento tecnológico do mundo, a Web Summit, quando são reunidos influenciadores digitais de todos os países, inovações são anunciadas e oportunidades descobertas.
Bem o sabe Nuno Rebelo de Sousa, que liderou uma comitiva de 50 investidores brasileiros rumo a um mergulho no que foi denominado por “ecossistema de start ups portuguesas”, iniciado na Web Summit 2017. Filho do presidente de Portugal – o popularíssimo Marcelo Rebelo de Sousa – Nuno vive em São Paulo e especializou-se no papel de grande embaixador das possíveis parcerias luso-brasileira. Ele aposta nos investimentos em start ups portuguesas como a tendência que irá suceder o setor imobiliário.
O país vem se empenhando para capitalizar a atenção que esse setor vem recebendo, a refletir-se em recentes anúncios de empresas que planejam estabelecer-se em Portugal. A Google já anunciou a instalação em Oeiras (a 20 minutos de Lisboa) de um centro de gestão de fornecedores, que preveem a criação de 500 postos de trabalho qualificado. Além disso, Uber e Zalando, em Lisboa, e Mercedes-Benz, no Porto, já divulgaram que terão cá morada fixa. A Amazon, por sua vez, parece estar a namorar uma zona nobre da Boavista, no Porto, cuja Câmara Municipal confirmou o interesse da empresa. A lista é extensa, também a figurar em maior ou menor escala, a Euronext e a Vestas, no Porto, a Pipedrive, a Huawei e a Microsoft em Lisboa, a Fujitsu, em Braga e a CGI, em Sintra.
Turismo, mercado imobiliário, tecnologia e start ups são apenas alguns exemplos de setores em ascensão que agregam talentos e interesses luso-brasileiros. No entanto, só eles já reúnem uma imensa gama de profissionais que necessitam de especializações e atualizações para enfrentar os novos desafios que esse crescimento apresenta.
A Fábrica de Cursos não ficou fora dessas tendências e está preparada para atender às demandas que decorrem desse movimento. Desde 2015, temos representação em Lisboa, a melhor conexão entre América do Sul e Europa. Seja lá ou cá, nossos clientes podem contar com nossos de mais de vinte anos de experiência e qualidade em soluções de EdTech para apoiar projetos de capacitação entre Brasil, Portugal e todas as parcerias que essa dobradinha possibilita.