O número de empresas brasileiras que atualmente investe em treinamento corporativo (T&D) é crescente no país. É o que demonstrou a 12ª edição da pesquisa O Panorama do Treinamento no Brasil, da ABTD.
O estudo considera fatos, indicadores, tendências e análises e traça o perfil dos investimentos que estão sendo feitos na área de T&D, seus reflexos e os pontos que necessitam de atenção e melhoria.
Apesar dos desafios, as equipes de T&D têm se esforçado para comprovar o quanto capacitar os colaboradores é necessário. De acordo com o levantamento, o Brasil ainda tem um longo caminho a percorrer.
Para que se tenha uma ideia, apesar do valor de 10% sobre a folha de pagamento que as empresas brasileiras investem anualmente, ainda está muito distante dos EUA – que é referência nesse formato de capacitação, apresentando indicadores com valores mais altos – mesmo tendo percentual mais baixo – 4,25% sobre a folha de pagamento. Isso mostra que a folha das empresas do Brasil é menor do que a desse país.
“A pesquisa reforça o quanto é importante investir na área de T&D e mostra como as empresas devem calcular esse investimento anualmente, considerando que o primeiro passo é identificar os indicadores financeiros que dão suporte ao trabalho das equipes de treinamento.”
Investimento em T&D
Só para ter uma ideia, o investimento em T&D no Brasil foi de R$ 788,00 por colaborador em 2018, o que representa um crescimento de 21% em relação ao ano anterior. Uma informação interessante é que quanto maior a empresa, menor o investimento por colaborador. As companhias com mais de 5.000 colaboradores investiram em média R$ 388,00 por colaborador para o mesmo período.
Vale destacar que as empresas organizam seu orçamento anual em T&D baseadas nos indicadores, no qual a porcentagem é o nível de relevância de cada um deles.
Critérios para definição da verba anual de T&D
Ter parâmetros para organizar um planejamento de verbas faz toda a diferença. Afinal, tomar decisões baseadas em resultados, mudança de comportamento e números diminui, sensivelmente, os riscos.
Nesse processo, o capital previsto para as ações é um item muito importante e essencial.
Em uma ordem de preferência, os números do país ainda de acordo com a pesquisa são eles:
- 59% – Previsão, considerando valores dos anos anteriores;
- 52% – Previsão, considerando planejamento futuro;
- 17% – Porcentagem sobre a folha de pagamento;
- 17% – Valor fixado, independente do faturamento;
- 16% – Porcentagem sobre o faturamento;
- 12% – Indicadores de mercado;
- 6% – Quantidade de horas de treinamento, por efetivo da empresa.
Quando se fala de capacitação, a pesquisa aponta o volume de treinamento aplicado. Com o investimento feito, o volume é de 21 horas por colaborador – indicador que teve pouca variação em relação ao ano anterior. No entanto, ainda treinamos 36% menos por colaborador que as empresas nos EUA.
Além disso, quanto maior o número de colaboradores, menor o volume. As empresas com 5.000 colaboradores treinam muito menos que as demais, com apenas 11 horas por colaborador.
E a cada ano se confirma que a indústria é sempre o setor que mais investe em treinamento de seus colaboradores, sendo: 24 horas por colaborador e as empresas multinacionais, as que treinam 50% mais horas por colaborador que as empresas nacionais. Por sua vez, o setor público é o que menos treina seu pessoal, sendo 15 horas anuais por colaborador.
Equipe qualificada faz toda a diferença
Todo esse trabalho precisa de uma equipe preparada para gerenciá-lo. Apesar disso, a média de profissionais na área de T&D traz um dado alarmante: quanto maior a empresa, menos profissionais atuando.
Quer desenvolver um trabalho mais qualificado? Então invista em sua equipe! Afinal, cada profissional está gerenciando em média 770 colaboradores. E esse número está crescendo anualmente.
Estratégias da área de T&D
É relevante para as empresas identificar como a área de T&D está estruturada, assim como avaliar o índice de absenteísmo obtido em seus projetos. Isso porque o absenteísmo é oneroso e dificulta o alcance de objetivos, afetando assim a eficiência e os resultados.
Ele pode ser causado por diversos motivos, de familiares ou pessoais, dificuldades financeiras e de transporte, por doenças, a falta de motivação para o trabalho etc.
O destaque nesse ponto é para a universidade corporativa no país.
- 87% das empresas trabalham com um orçamento anual de T&D;
- 28% das empresas possuem uma universidade corporativa;
- 12% é o índice de absenteísmo nas ações de treinamento.
Treinamento fora do trabalho
Outro dado relevante: as empresas tratam o T&D realizado fora do expediente com cuidado e por segmentos de forma diferente. De acordo com o levantamento, 40% da Indústria, Comércio e Serviço tendem a não realizar treinamento fora do horário de trabalho.
Quando ocorrem fora do expediente, como nos cursos obrigatórios, a Indústria considera 38% como hora extra e do Comércio 33% como banco de horas. E 20% das empresas desses setores consideram como carga horária não remunerada os cursos não obrigatórios.
Métricas para alocação de verba para a área de T&D
O investimento e a eficiência da área de T&D são aliados no desenvolvimento de um projeto de treinamento corporativo qualificado. De nada adianta ter boas ideias, se não houver verba para implementá-las.
T&D faz seu planejamento com base nas necessidades da empresa, considerando os setores que se beneficiarão de treinamentos.
De acordo com a pesquisa, a distribuição de gastos indica o seguinte:
- Treinamento formal – 61%;
- Treinamento no ambiente de trabalho – 26%;
- Despesas não relacionadas ao treinamento – 13%.
Destaque no levantamento para o aumento do treinamento no local de trabalho e para sua avaliação com a teoria 70:20:10. Essa sequência de números indica que:
- 70% do aprendizado acontece com a prática no ambiente de trabalho;
- 20% nas relações sociais;
- 10% em treinamentos formais.
Distribuição de gastos em T&D
Veja agora os números que representam o quanto as empresas gastam com seus treinamentos:
- 49% com atividades terceirizadas;
- 38% com despesas internas;
- 13% com cursos curriculares.
Analisar os números sempre traz informações relevantes para os ajustes necessários nos projetos de T&D. Quando bem gerenciados, são ações que alavancam o crescimento das empresas, tornando-as mais eficientes e competitivas no mercado.